quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Arte&Arte [nº1]

  Âmago&conceitos
  Sabe, eu não gosto de falar de arte. Impressionante, não gosto mesmo.
 Quarto período do curso de Artes Visuais (UFRN) e os assuntos em que menos me envolvo são as típicas discussões sobre os conceitos, sentidos e objetivos da arte.
 O envolvimento com a arte urbana me fez ter um tipo de visão diferente da academia. A participação direta em manifestações de rua, intervenções e situações diversas, me fizeram ter uma noção – irrefletida – sobre a arte, bem antes de tentarem me encharcar com ideias e conceituações estabelecidas (as quais não concordo plenamente, mas consigo tirar bom proveito).
 Observo a arte como algo capaz de mexer com o criador e o espectador. E na maioria das vezes considero o produto puro apenas o “mexido”.
 Meu excelente professor de História da Arte a descreveria como: uma maneira de pensar, de expressar;  obras que refletiam - e refletem - a realidade de uma época: o pensamento de um povo, as revoluções humanas (seguidas de rupturas artísticas que inauguravam novos períodos) e, principalmente, como a capacidade de abrir um novo caminho nesse território tão arado.
  Arte&sentimento
 Há alguns meses compreendi mais amplamente como se dá o choque, a flechada artística.
 Durante um espetáculo fantástico de dança contemporânea (A Cura – Companhia GiraDança), minha amiga e eu chorávamos, enquanto meu namorado e o amigo riam que nem duas crianças de cinco anos no circo. Fiquei revoltada mesmo, não entendia como aquele processo coreográfico carregado de sensações de dor, sofrimento, amargura, ansiedade, angústia, etc., podia provocar risos e gargalhadas.
Como?!
 O ocorrido me causou tamanha inquietação, que contei muitas vezes em diferentes círculos para tentar chegar a um nível de compreensão considerável. Primeiro julguei ser a incapacidade de entendimento por parte deles, depois pura e cínica chacota; mas cheguei à conclusão que era aquilo mesmo, que a exposição de tais sentimentos os inquietaram de tal forma que os levaram àquele tipo de comportamento, e se riam de outras coisas é porque a concentração era desviada, uma fuga.
 Daí comecei a lançar melhor meu olhar sobre outras formas de expressões: dança, música, teatro, cinema; a  pensar em seu reflexo na vida das pessoas - não as que são providas de convicções e as veem  com base conceitual, mas as normais, ou seja, as que nunca repararam em como a música altera o humor, como a dança empolga e estimula, e a ida ao teatro/cinema tem o poder de mudar um ponto de vista.
 Mais uma vez com meu namorado, – que tem me provocado várias reflexões sobre o alcance das produções artísticas – começamos a discutir sobre uma peça que ainda não assistimos Sua Incelença, Ricardo III (Clowns de Shakespeare), claramente uma adaptação do dramaturgo inglês com pitadas de sertão. Eu acho interessantes demais essas façanhas - grandes obras postas sob outros olhares/culturas.
 Do bate-papo me restou a questão da mentalidade que as pessoas tem a respeito da arte. Logicamente os leigos não são abertos o suficiente para captar completamente; porém os “intelectualizados” não ficam atrás, a ideia de abertura total deixa passar questionamentos relevantes.
   Vivência&diálogo
 Bem, eu que não sou leiga nem intelectual, vou assistir o espetáculo neste fim de semana, e estarei novamente aqui pensando, falando e escrevendo para ver se perco essa apreensão/precaução ao tratar do assunto.

Fica a dica:

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