segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Sede


Quando eu olhei para aquela barba por fazer, aquele cabelo estilo "acordei agora" (e sendo realmente da hora em que acordou), a pele queimada do sol, o corpo de homem da roça e um sorriso lindo - tudo numa criatura só - me despertou um desejo absurdo de ter aquele homem pra mim.
Não fiz muita questão de disfarçar o olhar, nem ele; não fiz questão de desviar o caminho e ele também não, na verdade ele veio bem em direção a mim, de uma forma tão natural que parecia que nada era novidade. Como também não era novidade a vontade louca de ambas as partes...vontade de...é, de provar o outro e saciar o próprio ser. Tudo muito direto, e que alegria não ter mais 18 anos e a vergonha do mundo todo, vergonha do primeiro beijo, do primeiro toque, da luz acessa. Não, nada disso, foi tudo ávido, eu não via a hora de beijar aquela boca, puxar aquele cabelo, ter aquelas mãos no meu corpo inteiro.
Era tudo como eu esperava - o toque enlouquecedor, insaciável; o beijo com vontade de engolir o outro todo, um encaixe perfeito e frenético, uma loucura inexplicável não fosse o óbvio fogo entre homem e mulher em busca do ápice do prazer.
Uma busca de dias e noites, regada ao som de Badu e Don L, suor e saliva.

E salve Millôr, gênio, é verdade: quem vai com sede ao pote, bebe muito mais.