sábado, 26 de fevereiro de 2011

Amanhã.

Domingo. Pensei em praia, em sol, em banho de mar.
Queria pintar, queria sair - ou ficar em casa mesmo, ou ir na vizinha, cantar, dançar, desenhar, ouvir música, navegar na internet, conversar ao telefone, comer uma pizza, passear com o cachorro, rever a família, pintar a unha novamente, escrever para o blog, ler os livros pela metade, cozinhar, arrumar as coisas, bagunçar as coisas, fazer ou gastar dinheiro, isso e aquilo.
Muitos desejos, muitas possibilidades.
E se chover? e se a internet falhar, se a amiga faltar?
Deixo todas as alternativas na mesa, amanhã acordo e vejo o que o dia me reserva.
Domingo é dia sem agenda.

Hoje.

Pintei as unhas de um amarelo terrível, comi mal e trabalhei muito.
Acordei transbordando amor, mandei uma mensagem no celular que não definia um por cento do que sentia. Sabia que o dia seria perfeito ou detestável, não se pode acordar assim e ser um dia comum.
Tive medo de tudo. Chorei ouvindo Chico Buarque, ouvindo Ray Charles, ouvindo o barulho do chuveiro. 
Muitas pessoas em casa, muitas conversas e risadas, muita reflexão e muita bobagem; acabo o dia com todas as cores de lápis jogadas no sofá e um violão desafinado.
Lembrar de não entregar as armas.

Ontem.

Eu gosto das coisas assim, reviradas.
Ontem, ao terminar de pintar uma tela, vi meu caos interno em cada tinta derramada, em cada coisa sem lugar definido. Alfinete, vidro, brinco, spray, blusa, óculos e ideias; lápis, água, lixo, recortes e recordações.
Parece que é só ali, respirando veneno e com unhas multicoloridas, que me sacio realmente.
A imagem pronta na tela é como o final feliz de um filme triste.